19 fevereiro 2006

Um lamento singelo e persistente

A miopia da oposição não lhe permitiu enxergar, de modo amplo, o ambiente político. Não permitiu enxergar, por exemplo, que o denuncismo só funciona no ambiente onde existe a mínima possibilidade de punição. No caos sistemático e na impunidade absoluta e inamovível, a única conseqüência do denuncismo é a consagração pública da péssima qualidade desta classe política, que este sistema político nos impõe, e que nos sufoca.

De um modo geral esta classe política, que se utiliza de métodos podres, que permeia para a sociedade sua permissividade abjeta, e encharcando-a de conceitos destorcidos fazem pulular para todos os lados crimes nunca sonhados, nem mesmo nos piores pesadelos.

A oposição, feita oposição a sua revelia e desconfortável com esta sua condição, que sua própria incompetência lhe impôs, deu uma ponderada rápida na estratégia e, logo foi traçada a tática de pretender "sangrar" o calango para que o populista, lá adiante fraquinho, permitisse a vitória e, quem sabe, até apoiasse o candidato da "social-democracia" numa ciranda medonha pelas suas conseqüências. Poderia, até por gratidão, quem sabe? Lógica tem, oportunismo também. Falta apenas o quê?

Noutro partido da oposição, ciente do seu próprio estado emlameado e crônico, entendeu correta, ou apenas possível, a promoção do sangramento do calango populista. Adotou de imediato a tática, que lhe foi sugerida pela "social-democracia", e fez isso, sem possuir nenhuma estratégia própria, que não fosse a imposta pela ocasião.

Agora é chegado o tempo do sangramento coletivo. A situação sempre sem vergonha, numa condição moral calamitosa, a oposição igualmente sangrando e chafurdando na sua história de roubos e desvios de dinheiro público, e a sociedade brasileira chorando sua miséria política onde o país está falido, muitos roubam, ninguém é nem mesmo investigado, e ninguém é preso.

Cabe lembrar uma citação de Platão:
"Enquanto os filósofos deste mundo não tiverem o espírito e o poder da filosofia, a sabedoria e a liderança não se encontrarão no mesmo homem, e as cidades sofrerão os males".
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3 Comentários:

Blogger Alexandre, The Great said...

Neste quadro, em que a segunda via é "inviável", a sociedade tem que se transformar, abandonar velhos paradigmas e práticas vis, calcadas na esperteza e beirando a margem da vilania, sob pena de nos tornarmos reféns de nossa própria "malandragem" por muito mais tempo.
É muito difícil, mas ao mesmo tempo imperioso, que tal transformação ocorra.

Gostei da citação de Platão (eu adoro Platão).
Um abraço,

19 fevereiro, 2006 17:02  
Blogger Camarada Arcanjo said...

Eu também gosto muito de platão. :)

A quebra de certos paradigmas errados, não se dará por vias democráticas e pacíficas. Lamento admitir. A questão é exatamente essa, por qual caminho se dará a quebra dessses paradigmas?

Não persistem dúvidas de que eles (paradigmas) devem ser quebrados, o Estado já perdeu o domínio da coisa (res) pública. Você já deve ter observado isso também. Nestas águas fundas e escuras o Estado já perdeu o pé, está se afogando e tem gente demais sobre a sua cabeça.

Mas ainda estão cantando de galo, sofismando grosso.

20 fevereiro, 2006 14:45  
Anonymous Anônimo said...

Você descreveu o próprio inferno!
As labaredas já nos atingem os joelhos e todos ainda acreditam que há bonbeiros.
Não os há e os que tentam reduzir os efeitos do fogo, saem todos queimados.

20 fevereiro, 2006 19:14  

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