Wikileaks – A adolescência da Era da Informática (1)
A coragem é contagiante e a verdade liberta, dois conceitos que produzem dor. A Era da Informática adolesce. Esta fase vai passar e enquanto não passa deve ser vivida com entusiasmo.
O sr. Julian Assenge não deve sonegar informações para se resguardar. Não divulgar informações realmente importantes com a intenção de parar o ímpeto vingativo do “estabilishment” americano, não é possível dentro do modus operandi escolhido por este jornalista. Deste modo, o governo do EUA fará pressão contínua para obter êxito e este êxito será o silêncio eterno do jornalista que deseja se preservar, ou seja, sua própria derrota.
Ele deve divulgar todas as informações paulatinamente, de acordo com os seus critérios de primazia, já que é ele quem está divulgando, no entanto, não deve sonegar nenhuma informação, independente das conseqüências desta divulgação. As conseqüências pelo conteúdo devem recair sobre o autor de cada documento e não sobre o mensageiro.
Se o jornalista abraçou esta causa e adotou este método de trabalho, deve o fazer o seu trabalho integralmente, para não se juntar ao grupo que ele faz a crítica. A coerência nesta sua voluntária e solitária função não permite a escolha do que deve divulgar, ou do que não deve divulgar.
Um jornalista na posição do sr. Julian, defendendo os princípios e valores que ele defende, não poderá negar qualquer informação ao público. Nesta posição o jornalista deve divulgar todos os fatos, documentos, notas, telegramas, fotos ou filmes, testemunhos esclarecedores de atos e de seus autores, incluindo suas conseqüências de teor moral, humano ou econômico na certeza do cumprimento de uma missão. Esta missão não é fácil.
A proteção de suas fontes deve ser a sua prioritária ação. Não revelando as suas fontes pavimenta a estrada que trará novas informações à luz, no entanto, existe um preço à pagar e todo o ônus recai sobre os seus ombros, sua carga nesta empreitada.
Ele será sempre o alvo público de seus detratores, dos que necessitam desmentir os fatos apenas apresentados; daqueles que precisam calar a exposição de suas transgressões, de seus crimes, de suas ações ilegais ou imorais.
Outro aspecto importante que devemos notar nesta questão de divulgação de “informações impublicáveis”, é a relação desta atividade do sr. Julian Assange com os valores mais nobres da espécie humana. Vemos que a divulgação destes documentos tem como meta apresentar transgressões a ética, a moral, a fé, a clemência, a verdade, a liberdade, a preservação da vida, a injustiça, a decência, a paz entre os homens, entre os povos e entre os governos.
Portanto, entendo que o sr. Julian pode administrar a liberação destes documentos de acordo com a sua conveniência. Documentos da diplomacia americana, hoje. Amanhã o foco pode ser outro país, de outra instituição, de outra comunidade, de outra corporação.
Mas deve apresentar tudo, porque o sr. Julian, hoje, é a ponta visível deste iceberg e não faltam Titanics neste mar de mentiras.
Além de tudo, a Era da Informação não está adolescendo sem dor. A maturidade após a adolescência desta Era, assim como qualquer amadurecimento pessoal, é uma transformação da ignorância para o conhecimento e eu não me lembro desta transformação acontecer sem dor e sem sacrifício pessoal.
Hoje percebo por tudo que assisto que após esta fase atribulada da purgação da mentira contumaz, deve florescer uma época de entendimento na qual a informação leve a felicidade, conhecimento e a sabedoria à toda gente, promovendo a redenção da verdade universal, educando os homens na preservação desta verdade.
Nesta outra fase futura poderemos afirmar que a Era da Informação alcançou a sua maturidade plena, onde a sabedoria da opção pela Verdade se sobrepõe a esperteza simples de resultados curtos pela mentira fácil.
5 Comentários:
Benvindo à lida, camarada!
Fico feliz com sua volta.
Fico honrado pela sua visita. Volto para luta.
No próximo governo "vai dar pano para a manga".
Daniel Ellsberg saiu em defesa de Julian Assange e os dois são tratados como irmãos siameses à frente da causa da transparência. O primeiro, em 1971, vazou para o New York Times e outras publicações uma cópia dos Papéis do Pentágono. A divulgação daqueles documentos específicos serviu para desconstruir a verdade oficial dos EUA sobre a Guerra do Vietnã, ou seja, eram revelações sobre mentiras a respeito das justificativas para a intervenção, o processo decisório e a condução da política. O segundo, Assange, fundador do site WikiLeaks, teve acesso a um catatau de documentos secretos sobre a diplomacia americana das últimas décadas, ou seja, basicamente, as atividades de funcionários públicos.
Assange não é Ellsberg. É um mensageiro do caos, avesso à idéia de ordem no trabalho do estado e dos seus diplomatas, assim como de qualquer corporação em geral. Um governo é capaz de mentir, exagerar na preservação dos seus segredos e muitas vezes negar um razoável acesso público às informações, mas como uma instituição pode existir sem regras básicas de confidencialidade? Assange é um anarquista, com uma preferência antiamericana.
Ellsberg era um apoiador da guerra que se desiludiu. Hoje, ele é um descrente e não considera que os EUA possam exercer uma política externa benigna, mas na divulgação dos Papéis do Pentágono Ellsberg não tinha a premissa que o estado democrático americano fosse ilegítimo, embora pudesse ter governantes e funcionários públicos mentirosos.
Ellsberg prestou um serviço de utilidade pública e inclusive se entregou às autoridades federais, assumindo sua responsabilidade. Assange age de forma indiscriminada, meramente destrutiva, em nome de uma causa supostamente justa e grandiosa. Ellsberg tinha motivos direcionados. Ex-oficial dos fuzileiros navais e analista militar que serviu como civil no Vietnã, ele trabalhara na elaboração dos Papéis do Pentágono e queria esclarecer a opinião pública sobre um padrão de mentiras e distorções na política governamental. Ellsberg sabia de algumas verdades inconvenientes e não despejou dados aleatórios, como Assange.
E para fechar o meu vazamento de opiniões, aqui vão as de dois dos meus gurus prediletos. George Friedman, o sabe-tudo, da empresa de consultoria Stratfor, avalia que, até agora, o crime de Assange é o da hipérbole, pois ele estima que seus vazamentos criaram um novo paradigma na diplomacia e na geopolítica. Gideon Rachman, colunista do Financial Times, é hiperbólico ao dizer que Assange até merece uma medalha americana, mas seu ponto é o seguinte: no geral, o resultado dos vazamentos dos documentos diplomáticos dos EUA é positivo. A política externa americana é movida por princípios, é inteligente e pragmática. Estava aí um segredo bem guardado.
Bom natal p VC!!!
Gostei desse link,sobre esse assunto,dá uma olhada...
http://veja.abril.com.br/blog/nova-york/eua/vazadores-e-vazadores/
Citação do Kozel:
"Assange é um anarquista, com uma preferência antiamericana."
Caro amigo, discordo desta afirmação. O sr. Assenge não tem, por princípio, uma "preferência" anti-americana, especificamente. O governo americano mantém uma política opressiva e nem sempre fundamentada na verdade. Isto faz dos seus segredos o que eles são. Muito mais impactantes do que os segredos de Cuba ou do Lulinha. Apenas isto, possuem maior relevância e mais midiáticos.
Veja o caso de Peña Esclusa no excelente texto de Graça Salgueiro:
http://www.midiasemmascara.org/artigos/internacional/america-latina/11727-revelacoes-de-wikileaks-retiram-culpa-de-pena-esclusa.html
Desconfio que a liberação desta informação favorável deve ser prenúncio de algo marcadamente desfavorável à liberdade de opinião do governo americano no exterior. Vamos ver.
Anarquista ele é, de fato. A "Transparência" é "pau que dá em Chico e bate em Francisco". Portanto, não pode ficar atrelada a este ou aquele grupo de interesse.
Gostei deste seu vazamento de opiniões.
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